Luiz Ernani Dias Amado, nasceu em Lisboa, em 19 de Janeiro de 1901, o ano de nascimento de Bento de Jesus Caraça, que conheceu no Liceu Pedro Nunes que ambos frequentaram e de que se tornou amigo. Faleceu também em Lisboa a 22 de Janeiro de 1981.
Matriculou-se na Faculdade de Medicina de Lisboa em 1918, tendo sido aluno de vários Professores ligados à chamada Geração Médica de 1911, responsável pelo assinalável progresso da medicina portuguesa na época, nomeadamente Aníbal Bettencourt, Mark Athias, Sílvio Rebelo, Roberto Chaves e Augusto Celestino da Costa. . Concluiu a licenciatura em Medicina em 1924.
Em 1942 obtém o doutoramento em medicina com a dissertação Complexos neuro-epiteliais e neuro-epitelioides. Dias Amado foi embro de várias sociedades científicas nacionais e internacionais, tendo sido Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Laboratorial. Em 1943 inicia a sua actividade lectiva como primeiro assistente do Instituto de Histologia e Embriologia da Faculdade de Medicina de Lisboa. A sua carreira é interrompida pela demissão compulsiva pelo governo de então, em 1947. Apenas em 1975 será reintegrado na carreira docente universitária como Professor Catedrático, ainda que a título simbólico, uma vez que tinha já atingido o limite de idade.
Luiz Dias Amado cedo iniciou a sua participação política. Ainda como estudante integrou o
Batalhão Académico
que assaltou Monsanto para desalojar forças que apoiavam a
Monarquia
do Norte.
Posteriormente participou em várias organizações cívicas
e culturais de cariz republicano
tendo mantido uma intensa actividade política, incluido de carácter clandestino,
durante toda a sua vida.
A sua actividade política está na base da demissão compulsiva já referida, da
carreira docente e não só, uma vez que, na mesma ocasião foi demitido das funções de
Chefe de Serviços de Análises Clínicas dos Hospitais Civis de Lisboa. Participou nomeadamente,
no MUNAF
e no MUD.
Esteve preso várias vezes
entre 1948 e 1963.
Dias Amado lutou durante dez anos (de 1950 a 1960) como Presidente da
Comissão Administrativa
da Liga
Portuguesa dos Direitos do Homem, para conseguir a sua reactivação, o que conseguiu em 1960,
tendo assumido a sua presidência.
Luiz Ernani Dias Amado foi, desde cedo (Junho de 1928), membro da maçonaria, através do
Grande Oriente Lusitano,
sendo considerado como o grande obreiro da manutenção de actividade daquela organização
durante a ditadura. Dias Amado teve grande importância na reorganização do Grande Oriente
Lusitano após o 25 de Abril, tendo sido Grão-Mestre de 1975 até à sua morte.
Publicações de Luiz Ernani Dias Amado
Dias Amado coordena o projeto editorial da Enciclopédia Médico-Cirúrgica Luso-Brasileira.
Na Biblioteca Cosmos publica dois volumes:
Para além dos trabalhos publicados na Biblioteca Cosmos, referem-se os seguintes:
Para além da Biblioteca Cosmos, Dias Amado participa activamente na Universidade Popular Portuguesa.
O arquivo de Luiz Ernani Dias Amado está acessível no Arquivo de Ciência e Tecnologia da Fundação para a Ciência e Tecnologia, incluindo, não apenas os documentos de carácter científico, como também a componente mais política.
A título de curiosidade, refere-se o seguinte texto citado a partir de um interessante trabalho da Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina de Lisboa:
As faculdades tornam-se um natural centro de contestação. As reuniões universitárias clandestinas começam a ser cada vez mais frequentes, e em 1946, na sequência de uma dessas reuniões contestatárias, a FMUL é cercada e assaltada pela polícia política. No meio da confusão gerada, o refúgio encontrado é uma aula simulada pelo Professor Luís Hernâni Dias Amado. Quando a polícia entra na sala, a autoridade natural do Professor põe de parte quaisquer dúvidas sobre o que se ali passa: trata-se de facto de uma genuína aula de Histologia. É assim desta forma inusitada que alguns estudantes de Direito têm uma aula extraprograma de Histologia no ano letivo de 1946/1947.
Fontes de informação:
GSA