Este livrinho sobre o Cristianismo, primeiro livro da secção Filosofia e Religiões e único sobre uma grande religião, apresenta o Cristianismo como uma religião centrada no amor: o amor entre os homens, dos homens a Deus e deste aos homens.
A apresentação ao livro feita pelo autor, O que é o Cristianismo aponta-lhe claramente os objectivos e a perspectiva utilizada, pelo que é aqui reproduzido:
Não é da evolução e da expansão histórica e geográfica da Doutrina e da Ideia cristã que vão falar estas páginas, É da própria Ideia, Ideia-força que constitui, despertada, a Consciência do homem, o homem filho de Deus, o homem com direitos divinos, a pessoa humana inviolável e verdadeiramente sagrada. O próprio Deus-Pai repudiará o fingido amor que afectam por Ele os que vão desprezando os irmãos — os filhos de Deus, que se vêem. Privilégios, nem o Senhor os quer: desprezar qualquer pessoa será desprezar e ofender o próprio Deus.
O amor — bem-querer e bem-fazer — vai ser a essência da religião. Fora do amor, só pode haver, em religião, hipocrisia, A esta declara o Cristianismo guerra sem tréguas; porque aos direitos divinos dos homens correspondem, logicamente, deveres: guerra, por isso, ao egoísmo, guerra à opressão e à violência. Os homens são livres: liberta-os a verdade. E se fôr preciso, morrerá o corpo — tudo o que é precário e acidental — pela Verdade, pelo Espírito. É covardia ter medo de tiranos, que podem destruir o corpo, mas depois não podem fazer mais mal e são vencidos.
O Espirito, que a Boa-Nova, ou o Evangelho, nos veio dar, pelo qual aceitamos a Graça, é o que é a essência do Cristianismo. Nenhuma organização tem o direito de materializar o espírito, de o cristalizar, de o fossilizar, e, depois, continuar a chamar-se organização cristã; nem que chame ao seu ídolo, ou ao seu fóssil, um Deus!
Deus é Espírito e Verdade: em espírito e verdade é que se Ele adora. Até a uma rude campónia (a de Samaria) o proclamou Cristo. Não vamos nós, portanto, desculpar-nos com a rudeza e materialismo do povo para lhe aconselharmos se contente com um Cristianismo mais baixo.Para o povo, para todos, são estas páginas. A todos interessa o Evangelho, boa-nova da Vida.
Os dois primeiros capítulos, muito curtos, pretendem, por um lado, contextualizar o Cristianismo entre as religiões (O Cristianismo entre as Religiões) e, por outro, mostrar como ele surge na continuidade da criação do monoteísmo e da separação entre o Deus criador e a Natureza, a sua criação (A preparação remota).
O terceiro capítulo (A lei do amor) mostra a importância no Cristianismo do amor e, mais concretamente de um amor universal e não apenas limitado a um povo eleito como acontecia na Lei dos Judeus («ignorando o estrangeiro e odiando o inimigo»). Um outro aspecto referido como central no pensamento de Cristo, é a consagração dos Direitos divinos do Homem.
O quarto capítulo (Obediência e consciência) analisa a questão da obediência cristã, classificando-a como uma obediência espontânea e afastando a obediência por coacção.
O quinto capítulo (Reverso da medalha evangélica) analisa as exigências, por vezes duras e violentas aos seguidores do Cristianismo para colocarem a sua relação com Deus acima dos seus interesses individuais, do seu egoísmo, e mesmo da sua relação com os outros, incluindo os seus familiares. Do mesmo modo é referido o poder redentor do sofrimento nas suas mais diversas formas.
O sexto capítulo é dedicado às Sanções da Lei Cristã.
O sétimo capítulo (A Igreja de Cristo) vem analisar a relação entre o pensamento de Cristo, as formas de ele se continuar a manifestar após o afastamento de Cristo, nomeadamente através da sua Igreja como forma de perpetuar a sua presença entre os seus seguidores.
Finalmente o oitavo capítulo (O Porvir: Triunfo e bondade) apresenta a visão do futuro do Homem no contexto da filosofia cristã.
GSA