Escrito em 1941 e, portanto, durante a segunda guerra mundial, mas antes do ataque japonês a Pearl Harbor, o livro reflete a guerra de agressão do Japão à China, como parte de um plano para controlar totalmente a Ásia. Do mesmo modo o vergonhoso episódio da Guerra do Ópio conduzida pelos ocidentais com o Reino Unido à cabeça para forçar a China a permitir a importação de ópio, está presente na construção da perspectiva que José de Freitas apresenta da situação que então se vivia naquela zona do mundo.
Esta perspectiva está bastante bem refletida na introdução que o autor faz (Duas Palavras):
O complicado problema do Extremo Oriente, que se apresenta confuso, especialmente para quem vive afastado tantos milhares de quilómetros do teatro das operações e só tem notícias da sua evolução pelos escassos e lacónicos telegramas publicados nos jornais, longe de perder importância, é seguido com atenção por um grande público que desconhece os motivos originários desta gigantesca luta de interesses. [...] No Oriente o Japão quer assenhorear-se da Ásia, ocupando primeiramente a China. A China, que é, sem discussão, o país agredido, combate valentemente o invasor. A terra que defende é a sua terra. [...] Na Europa entrechocam-se interesses financeiros; na Ásia, um povo luta pela sua existência, bate-se pela libertação completa de todo o jugo estrangeiro.
O livro está dividido em duas partes. Na primeira, China, velha China, faz-se uma breve caracterização da China e da sua história. Analisa-se a geografia do país, o seu clima, naturalmente variado ao longo do extenso território e as características do povo chinês. Do ponto de vista da cultura, aborda-se brevemente a língua, ou melhor, as línguas, a literatura, as artes e as ciências, a religião e a filosofia. Esta primeira parte termina com um breve resumo histórico da evolução da China.
Na segunda parte, A caminho da libertação, analisa-se a evolução da China desde o século XIX, quer do ponto de vista da sua modernização, quer da evolução política e militar para resistir às invasões e agressões, quer dos ocidentais, quer dos japoneses. Após uma breve introdução em que caracteriza o tradicional pacifismo chinês e a impreparação do povo para a guerra, analisam-se os vários conflitos que se forem sucedendo, as mais das vezes impostos do exterior. O livro termina numa altura em que a guerra com o Japão ainda estava longe do fim, mas em que a China já tinha começado a por em causa a ocupação japonesa.
GSA