Gino Saviotti foi um escritor e ensaísta italiano, nascido em 1891 em Arpino, na zona central de Itália. Morreu em 1980 em Lisboa. Gino Saviotti teve intensa actividade no Instituto Italiano em Lisboa, tendo tido um papel de grande relevo na divulgação da cultura italiana em Portugal e, por outro lado, no desenvolvimento do teatro em Portugal.
Gino Saviotti durante a infância viveu em várias cidades italianas, acompanhando o pai, professor de literatura que era frequentemente transferido de escola. Concluiu o ensino primário em Livorno. Em 1911 iniciou a frequência na Escola Normal Superior em Pisa, do curso de literatura e filosofia. É relevante assinalar que Saviotti recusou uma bolsa para frequentar este curso porque impunha restrições várias, nomeadamente de horários, preferindo financiar o seu curso editando revistas diversas em que era praticamente o único colaborador. Simultaneamente a liberdade de que gozava permitiu-lhe estreitar relações com artistas do grupo Macchiaioli e com intelectuais socialistas.
Pouco depois de terminar o seu curso foi mobilizado para a Primeira Guerra Mundial que constituiu uma terrível experiência que o marcou para o futuro.
Iniciou-se na literatura em 1915 com o livro de poesia I dolci inganni e publicou alguns romances (Mezzo matto por exemplo, que lhe valeu um importante prémio literário), peças de teatro e ensaios em Itália antes de se mudar para Lisboa em 1939.
Após terminar o seu curso, Gino Saviotti exerceu como professor em várias cidades italianas onde sempre conseguiu relacionar-se com personalidades relevantes da elite cultural italiana. Fundou ou dirigiu revistas de cultura que tiveram algum sucesso e onde publicaram alguns nomes da cultura italiana da época. Colaborou também com outras revistas e projectos editoriais sendo autor de vários ensaios críticos que, por vezes deram origem a polémicas.
Segundo Aureliana Strulato, num artigo adiante referenciado,
[era] um personagem que as revistas italianas dos anos trinta registavam como um dos protagonistas do mundo literário de então, [mas] Gino Saviotti deixou voluntariamente esse mundo em 1939, mudando-se para Portugal e ali dirigindo o Instituto Italiano de Cultura.
Em Lisboa iniciou a sua colaboração com o Instituto Italiano de que foi Director de 1941 a 1950. Nessa época fundou e dirigiu, em 1946, com Luís Francisco Rebello e Vasco Mendonça Alves, o Teatro Estúdio do Salitre, em instalações do Instituto Italiano. Aí se representaram peças de autores italianos, mas também de autores portugueses, tendo tido esse pequeno teatro uma enorme importância no desenvolvimento do teatro português nos anos quarenta e cinquenta do século XX. Sobre este teatro existe uma interessante e bem documentada tese de mestrado de Alexandre Barros de Sousa, a seguir referenciada.
Em Portugal publica algumas obras sobre teatro italiano, mas também sobre a
filosofia e a teoria do teatro e mesmo sobre algum teatro português.
Na Biblioteca Cosmos publicou de sua autoria ou coordenou a publicação das
seguintes obras:
As três últimas obras tiveram a colaboração de Grazia Maria Saviotti.
Na Editorial Inquérito publicou
Na Portugália Editora, publicou
Na Revista Bulletin d’Histoire du Théâtre Portugais, vol. 1, Fase 2, do Institut Français au Portugal, publicou o artigo
Entretanto, em 1944, o seu romance Mezzo Matto é publicado em português numa tradução de Berta Rosa Limpo, na Editora Gleba com o título O meio-maluco.
Gino Saviotti dá aulas no Conservatório Nacional, nomeadamente sobre Filosofia do Teatro
Um aspecto pouco esclarecido é a ligação de Gino Saviotti ao regime fascista italiano, assunto, apesar de tudo referido na tese de mestrado de Alexandre Barros de Sousa. É, porém curioso como um homem com tão evidentes ligações ao regime fascista italiano se move em Portugal em círculos claramente anti-fascistas a começar pelo conjunto de autores da Biblioteca Cosmos onde Bento de Jesus Caraça lhe atribui, como autor, tradutor ou prefaciador, quatro volumes duplos sobre o teatro italiano.
Fontes de informação:
GSA