Associação
Bento de Jesus Caraça



Leonhard Adam


Leonhard Adam foi um antropologista e advogado, nascido em Berlim em 16 de Dezembro de 1891 e falecido em 9 de Setembro de 1960 em Bonn.

Leonhard estudou no Royal Frederick William Gymnasium e no Museu de Etnologia, onde, muito provavelmente foi atraído pela Etnologia que, do ponto de vista científico foi a paixão da sua vida. Frequentou as Universidades de Berlim e de Greifswald onde estudou Etnologia e Direito. Obteve o Bachelor's Degree em 1916 e o >em>Degree in Practising Law em 1920, ano em que foi nomeado juiz assistente e exerceu esse cargo em Berlim.

Interessou-se por Lei Primitiva associando assim o seu conhecimento de Etnologia com o conhecimento e experiência em Direito. Fez várias publicações e leccionou sobre o assunto, nomeadamente entre 1931 e 1933 no Instituto de legislação internacional da Universidade de Kiel. Foi também membro do painel de especialistas do Museu Etnográfico em Berlim. Em 1933, porém, os nazis em ascensão na Alemanha, demitiram-no de todas as posições oficiais por ter uma ascendência em parte, judia. Cinco anos depois, perante o agudizar da situação, fugiu para a Inglaterra, tendo começado a leccionar na Universidade de Londres. nesta fase da sua vida publicou (em 1940) o seu livro Arte Primitiva, um livro da maior importância à época, cuja tradução foi publicada na Biblioteca Cosmos em 1943.

Nesta fase da sua vida, ainda em 1940, no início da II Guerra Mundial, foi considerado, em conjunto com vários outros cientistas e artistas, inimigo estrangeiro (alien enemy) e deportado para a Austrália numa célebre viagem do navio Dunera. Essa viagem, transportou 2.500 refugiados, fugidos dos nazis, muitos de ascendência judia, que foram considerados potenciais aliados dos Nazis. As condições da viagem foram inaceitáveis com o número de passageiros a exceder largamente a capacidade do navio. À chegada à Austrália todos os potenciais alien enemies foram aprisionados. Apenas por sorte, escaparam a torpedos lançados por um submarino alemão e não foram atacados por outro por o comandante ter interpretado os dados disponíveis e considerado que eram prisioneiros de guerra alemães.

Chegados à Austrália, Adam foi internado num campo de internamento onde iniciou uma actividade lectiva sobre Religiões Primitivas e sobre Etnologia, aos outros detidos. Presume-se que não foi o único detido a dar aulas, tendo sido nomeado (pelos pares?) Pro-Reitor do Colégio do campo. Manteve-se nessa situação de 1940 a 1943.

Felizmente para ele, vários colegas ingleses, informaram colegas da Universidade de Melbourne da sua situação e, em 1943, ele acabou por ser libertado e integrado num projecto de investigação sob responsabilidade do Professor Max Crawford, sobre o uso da pedra pelos aborígenes locais. Infelizmente a Universidade não reconhecia a Antropologia e campos científicos semelhantes, como merecedores do interesse da Universidade. Adam, entretanto tinha coleccionado um enorme conjunto de objectos e acabou por criar de facto o museu que a Universidade não queria considerar. Essa colecção é hoje, com plena justiça denominada Leonhard Adam Ethnological Collection.

As reparações por todas as inacreditáveis injustiças a que foi sujeito, começaram já tarde. Em 1956 é naturalizado australiano. Em 1957 recebeu um doutoramento pela Universidade de Bonn e teve um número do Zeitschrift für Vergleichende Rechtswissenschaft (Journal of Comparative Jurisprudence) de que ele tinha sido editor entre 1919 e 1938, totalmente a si dedicado. Em 1960, volta à Europa para participar num congresso da sua área e morre em Bonn com um ataque cardíaco.

Não é de estranhar, considerando o que já se sabia no início dos anos quarenta, que Bento de Jesus Caraça tenha querido incluir a obra de Adam — que o merece pelo seu valor — na Biblioteca Cosmos.

No artigo de A. Massola adiante referido, encontra-se uma extensa lista das obras de Leonhard Adam.

Fontes de informação:




GSA