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João Rémy Teixeira Freire foi um matemático e professor português. Expulso da Universidade pelo regime salazarista, exilou-se no Brasil.
Rémy Freire nasceu em Lisboa em 24 de Novembro de 1917.
Frequentou o Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras da Universidade Técnica de Lisboa onde se licenciou e se doutorou em 1945 com uma tese intitulada Estudos de demografia portuguesa . Foi Assistente do Professor Bento de Jesus Caraça com quem colaborou em várias actividades. Mais tarde doutorou-se também em Estatística pela Universidade de Paris
Colaborou na fundação da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) em 1940. Fez parte da redacção da Gazeta da Matemática até ao número 49, de Setembro de 1949.
Rémy Freire foi afastado da Universidade por uma Resolução do Conselho de Ministros de Junho de 1947, juntamente com um conjunto de outros professores. Emigrou para o Brasil em 1952 tendo-se fixado em Curitiba no estado do Paraná. Em Curitiba, Rémy Freire participou no ano seguinte, na fundação da Sociedade Paranaense de Matemática (SPM). Foi naturalizado brasileiro em Novembro de 1953. Rémy Freire assumiu a cátedra de Estatística Geral e Aplicada no curso de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia da Universidade do Paraná.
Rémy Freire em Curitiba foi um elemento fundamental para o desenvolvimento do ensino e investigação em matemática na Universidade Federal de Paraná e foi o catalisador para a formação da Sociedade Paranaense de Matemática, objectivo previamente existente, mas que nunca tinha sido concretizado. Recorde-se que Rémy Freire tinha, ainda em Portugal, em 1940, participado na fundação da Sociedade Portuguesa de Matemática também com o acrónimo SPM.
Apesar de permanecer no Brasil por um curto período de 1952 a 1955, a sua acção foi determinante para fortalecer a matemática na Universidade do Paraná.
Rémy Freire fez parte da primeira direcção da Sociedade Paranaense de Matemática, em colaboração com Newton Carneiro Affonso da Costa que tinha acabado de se formar em engenharia civil. Newton da Costa obteve uma nova licenciatura em matemática e teve uma profícua carreira nessa área. Os dois ficaram ligados por uma longa amizade e pelo interesse comum pela matemática tendo trocado correspondência até 1992.
Rémy Freire faz em 1955 uma inflexão na sua carreira, passando a colaborar activamente com organizações intergovernamentais. Em 1955 foi ocupar no Chile uma posição da Organização das Nações Unidas, mais exactamente da FAO. Após o Chile, Rémy Freire passa por Roma e, posteriormente, no final dos anos 60 do século XX, por Washington onde trabalhou como economista agrícola. Nessa época parece ter sido Chefe da Divisão Agrícola da Organização dos Estados Americanos (OEA) e, segundo uma sua carta a Newton da Costa, terá tentado alcançar o cargo de Director de Departamento.
Em Março de 1974 era indicado num documento do GATT* como um dos representantes da OEA reconhecido pelo GATT (sigla em inglês para o Acordo Geral de Tarifas e Comércio)
Após o 25 de Abril, Rémy Freire regressou a Portugal em 1984 onde manteve um grande dinamismo, quer antes, quer depois da aposentação três anos depois. Há referências nas cartas que escreve a Newton da Costa, referenciadas num texto de 2020 de António Neto (ver abaixo) de que teria sido reintegrado na Universidade, mas não foi possível encontrar confirmação desse facto. Rémy Freire parece ter trabalhado no Instituto Nacional de Investigação das Pescas nessa fase.
Fontes de informação:
GSA com o apoio de Luís Saraiva