Associação
Bento de Jesus Caraça

Francisco Keil do Amaral


Francisco Caetano Keil Coelho do Amaral foi um prestigiado arquitecto português que contribuiu significativamente para o desenvolvimento de uma corrente de arquitectura moderna em Portugal. Para além de uma importante produção teórica, foi autor de uma grande quantidade de obras marcantes na arquitectura com relevo para a época dos anos 40 e 50 do século XX.

Francisco Keil do Amaral nasceu em Lisboa a 28 de Abril de 1910 e faleceu na mesma cidade, em 19 de Fevereiro de 1975. Nascido numa família ligada às artes, onde se destaca o nome de Alfredo Keil, pintor e compositor que compôs a música do que viria a ser o Hino Nacional. Passa grande parte da sua infância em Canas de Senhorim onde frequenta e completa a instrução primária. Termina o curso dos liceus em 1928 e inicia uma actividade designer de publicidade. Em 1930 inscreve-se na Escola de Belas Artes de Lisboa, no curso de Arquitectura que vai concluir em 1936 como aluno externo, após se incompatibilizar com um professor. Em 1937, ganha o concurso para o Pavilhão Português na Feira Internacional de Paris, facto notável para um recém diplomado e que deu um contributo significativo para o arranque da sua carreira.

Keil do Amaral consegue definir um caminho que se afasta da arquitectura característica do regime salazarista, mas também das linhas internacionais dominantes, definindo uma via própria para as obras que desenvolve. Um passo importante na sua carreira resulta da sua integração numa equipa de arquitectos na Câmara Municipal de Lisboa quando esta era dirigida por Duarte Pacheco. Nessa fase envolve-se no projecto de vários espaços verdes da cidade de Lisboa, como o Parque Floresta de Monsanto, o Campo Grande e o Parque Eduardo VII.

Francisco Keil do Amaral está profundamente envolvido nas Exposições Gerais de Artes Plásticas (1946-1956), uma manifestação cultural de clara oposição ao Estado Novo, onde expõe em várias edições. Em 1948 é eleito Presidente da direcção do Sindicato Nacional dos Arquitectos, nunca tendo tomado posse porque é compulsivamente afastado pelo governo. Keil do Amaral é um dos fundadores, em 1946 do grupo de Iniciativas Culturais Arte e Técnica (ICAT) que sobrevive até 1950 onde participam muitos arquitectos opositores ao regime, parte dos quais, participa também no MUD, como é o caso de Keil do Amaral. O ICAT lança em 1947, com grande envolvimento de Keil do Amaral, um projecto de grande fôlego sobre arquitectura regional portuguesa, que se prolongará por toda a década de 50 e culminará na publicação de um livro sobre Arquitectura Popular em Portugal pelo Sindicato Nacional dos Arquitectos. Esse estudo terá várias reedições, sendo a mais recente da responsabilidade da Ordem dos Arquitectos, em 2004.

Em 1943 colabora com a Universidade Popular Portuguesa, leccionando um curso sobre Arte e Arquitectura.

Na sequência da sua intensa actividade não apreciada pelo Estado Novo, esteve preso em Caxias entre Dezembro de 1953 e Janeiro de 1954. Volta, porém, aos contratos públicos, sendo, por exemplo, responsável por todas as estações do Metropolitano de Lisboa inauguradas em 1959. A decoração dessas estações foi feita com painéis de azulejo criados pela sua mulher, a pintora Maria Keil.

Para além do livro A Arquitectura e a Vida, número 15 da Biblioteca Cosmos, indicam-se algumas dos livros da autoria de Keil do Amaral, que, embora nunca tenho sido professor, muito influenciaram o ensino da Arquitectura em Portugal:

É também relevante um conjunto de artigos publicados, quer na revista Arquitectura, quer na Revista Municipal da Câmara Municipal de Lisboa, bem como a comunicação sobre A Formação dos Arquitectos ao 1º Congresso Nacional da Arquitectura em 1948 no qual teve papel relevante na sua organização.

Mais elementos sobre a sua biografia podem ser consultados no excelente artigo sobre si na Wikipedia, abaixo referenciado.

No que diz respeito a livros e teses de mestrado sobre o Arquitecto, referem-se as seguintes:

Em Viseu foi inaugurado em 18 de Maio de 2021 o Museu Keil Amaral, um Museu Municipal, dedicado ao trabalho e história de cinco gerações da família a que também pertenceu Francisco Keil do Amaral.*

No Parque de Monsanto em Lisboa, há uma zona com 10 hectares, que é dedicada a Keil do Amaral, o Parque Keil do Amaral a que se acede pela Alameda com o mesmo nome e onde existe um anfiteatro ao ar livre, também com o nome do arquitecto. Situa-se na zona sul do Parque Florestal de Monsanto, junto à Rotunda de Montes Claros. É possível disfrutar de uma vista panorâmica sobre o Tejo e a margem sul. Permite passeios a pé, de bicicleta, piqueniques, sendo um local especialmente vocacionado para atividades de exterior e espetáculos. Dispõe de circuito de manutenção para idosos, Parque de Skate, Parque de Merendas, Parque Canídeo e um quiosque com esplanada.

Fontes de informação:


* Museu Keil do Amaral. JN História, nº 34, Outubro de 2021, pp. 88-91.

GSA